Cantareira com pior nível de água em 10 anos para setembro: Sabesp amplia redução de pressão

Sabesp decidiu ampliar de 8 para 10 horas/dia o período de redução de pressão da água na Região Metropolitana de São Paulo. A medida, recomendada pela Arsesp, ocorre em meio à queda significativa dos níveis dos mananciais e tem como objetivo preservar os reservatórios e garantir a continuidade do abastecimento de água. Essa decisão desperta atenção de profissionais do saneamento, já que traz implicações técnicas, operacionais e regulatórias diretas para a gestão da água em grandes centros urbanos.


Por que São Paulo ampliou a redução da pressão da água?

O prolongamento da redução está diretamente relacionado ao cenário crítico de estiagem que afeta os principais sistemas produtores de água da região. Chuvas abaixo da média comprometeram a recarga natural dos reservatórios, levando os volumes a níveis preocupantes.

O Sistema Cantareira, principal manancial da Região Metropolitana, opera com cerca de 29,7% do volume total de água, segundo o G1. Esse número representa o pior nível para o mês de setembro em 10 anos, colocando o sistema na faixa de Restrição definida pela ANA/DAEE. Essa situação reforça a necessidade de medidas urgentes de conservação e gestão da água.


O que significam as faixas de operação definidas pela ANA?

A ANA, em conjunto com o DAEE, estabelece critérios técnicos de monitoramento para o uso da água em reservatórios estratégicos. As faixas funcionam como gatilhos para decisões operacionais:

  • Faixa Normal (acima de 60%): abastecimento seguro, sem restrições significativas.
  • Faixa de Atenção (40% a 60%): necessidade de monitoramento mais rigoroso e início de ajustes operacionais.
  • Faixa de Alerta (30% a 40%): risco de escassez; exige medidas como redução de pressão, campanhas de uso racional e reforço no controle de perdas.
  • Faixa de Restrição (20% a 30%): situação crítica, com possibilidade de rodízio ou uso de reserva técnica.
  • Faixa de Emergência (abaixo de 20%): risco iminente de colapso, obrigando ações extremas para garantir água potável mínima à população.

Com 29,7%, o Sistema Cantareira já se encontra formalmente na faixa de restrição, exigindo providências imediatas para evitar que a situação evolua para emergência.


Como a redução da pressão ajuda a economizar água?

A redução da pressão de água nas redes é uma das ferramentas mais eficazes para preservar mananciais em períodos de escassez. Entre os principais efeitos, destacam-se:

  • Menor índice de vazamentos: tubulações antigas sofrem menos estresse quando a pressão é reduzida, o que diminui perdas físicas de água.
  • Controle de extravasamento: a redução noturna evita sobrecarga em reservatórios locais, que poderiam transbordar em períodos de baixa demanda.
  • Preservação de volumes armazenados: prolonga o tempo de disponibilidade dos mananciais, retardando a necessidade de medidas mais drásticas.

Somente na fase anterior da medida, quando a redução era de 8 horas, a economia foi estimada em mais de 7 bilhões de litros de água, volume suficiente para abastecer uma cidade de médio porte durante semanas.


Quais os desafios dessa medida para o saneamento?

Apesar de ser tecnicamente justificável, a redução de pressão da água traz desafios que precisam ser acompanhados de perto pelos profissionais de saneamento:

  • Impacto em áreas vulneráveis: regiões mais altas ou distantes dos reservatórios podem enfrentar intermitências ou falhas no abastecimento.
  • Conforto dos usuários: prédios sem sistemas adequados de reservação podem sofrer com baixa pressão em horários de maior consumo noturno.
  • Gestão da qualidade: pressões muito baixas aumentam o risco de intrusão de contaminantes em trechos de rede comprometidos.

Esses fatores exigem planejamento hidráulico, monitoramento constante e sistemas de telemetria que permitam ajustes dinâmicos da operação.


Quais estratégias complementares podem ser adotadas?

Além da redução de pressão, outras medidas podem fortalecer a segurança hídrica:

  • Reforço no combate a perdas: substituição de redes antigas, calibração de hidrômetros e inspeções preventivas.
  • Campanhas educativas: engajamento da população no uso racional da água, principalmente em períodos críticos.
  • Integração de sistemas produtores: transferência de água entre mananciais para balancear o atendimento.
  • Investimentos em novas fontes: ampliação de reservatórios, perfuração de poços e projetos de reúso potável indireto.

Essas ações, combinadas, reduzem a dependência de medidas emergenciais e tornam o sistema mais resiliente frente à variabilidade climática.


O que esperar para os próximos meses?

As projeções hidrológicas indicam que, mesmo com chuvas dentro da média histórica, o volume do Sistema Cantareira pode se manter na faixa de Restrição até o final do período seco. Caso as chuvas fiquem abaixo do esperado, existe risco real de avanço para a faixa de Emergência, o que exigiria medidas extremas como rodízio de abastecimento ou uso intensivo da reserva técnica.

Portanto, a ampliação da redução de pressão da água em São Paulo não é apenas uma resposta emergencial, mas um alerta claro: o equilíbrio entre oferta e demanda está em risco e exige inovação, eficiência e planejamento integrado.


Conclusão

A constatação de que o volume do Sistema Cantareira atingiu, em setembro de 2025, o pior nível dos últimos 10 anos reforça a gravidade da crise hídrica no abastecimento de água em São Paulo. A redução da pressão por 10 horas/dia é, portanto, uma medida operacional crítica não só para conservar água e conter perdas, mas também para evitar que a situação evolua para cenário de racionamento. Profissionais de saneamento devem redobrar a atenção, acelerar medidas estruturais e monitorar os indicadores hidrológicos com precisão, garantindo que a água continue disponível com qualidade e regularidade.


Fontes

  • Agência Brasil – SP amplia período de redução do fornecimento de água para 10 horas
  • CNN Brasil – Sabesp amplia redução da pressão de água em SP após recomendação da Arsesp
  • Infomoney – Sabesp amplia de 8 para 10 horas redução de pressão no abastecimento de água em SP
  • G1 – Volume do Sistema Cantareira atinge o pior nível em 10 anos para setembro
  • CEMADEN – Relatórios hidrológicos do Sistema Cantareira e faixas de operação ANA/DAEE

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