Sabesp adquire Emae por R$ 1,1 bi

A recente movimentação da Sabesp para adquirir o controle da Emae tem repercussão relevante no setor de saneamento. A operação pode modificar fluxos de recursos hídricos, gerar sinergias operacionais e proporcionar ganhos estruturais para o sistema de abastecimento. Este artigo técnico analisa, de forma clara e acessível, os aspectos desta aquisição para profissionais de saneamento, enfatizando seus impactos e implicações para o setor.

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A operação Sabesp–Emae em síntese

Estrutura do negócio

A Sabesp firmou dois acordos distintos para adquirir o controle acionário da Emae, totalizando R$ 1,13 bilhão no valor da operação.

  • No primeiro contrato, foram compradas 74,9 % das ações ordinárias, representando controle decisório, junto ao agente Vórtx, que representava debenturistas do fundo Phoenix.
  • No segundo, está prevista a aquisição de 66,80 % das ações preferenciais que pertenciam à Eletrobras, para consolidar controle total da Emae.

A conclusão da operação depende da aprovação regulatória e de órgãos antitruste. A Sabesp estima que o processo será concluído já no início de 2026.

Motivação estratégica

A aquisição não foi motivada por expansão agressiva no setor energético, mas antes por necessidades estratégicas de segurança hídrica. Conforme relato dos executivos da Sabesp:

  • A Sabesp vinha estudando os ativos da Emae antes de formalizar a operação, permitindo resposta rápida à proposta.
  • Os executivos esperam que aprovações regulatórias ocorram até o fim de 2025, para que o fechamento da operação ocorra até o primeiro trimestre de 2026.
  • Para a Sabesp, embora o valor investido seja modesto frente ao porte da empresa, trata-se de um investimento “relativamente pequeno, porém estratégico”.

A justificativa principal é reforçar a segurança do abastecimento hídrico na região metropolitana de São Paulo. A Emae administra os sistemas dos reservatórios Guarapiranga e Billings, fundamentais para o sistema de água da região.

Além disso, a Emae possui ativos elétricos com contratos de longo prazo e indexados à inflação, o que traz previsibilidade e receitas estáveis.

Implicações para o setor de saneamento

Integração hídrica como força motriz

Uma das maiores oportunidades é a integração operacional dos sistemas Guarapiranga e Billings. Com controle acionário da Emae, a Sabesp poderá realocar vazões entre reservatórios de forma mais flexível, otimizar armazenamento e equilibrar demandas de água.

Por exemplo, espera-se que com essa integração, a Sabesp aumente em 52 % a capacidade de armazenamento de água para usos múltiplos em São Paulo.

Adicionalmente, a Emae administra estações elevatórias, canais e sistemas de drenagem associados aos reservatórios, o que permite controle mais verticalizado dentro da rede de saneamento.

Potencial energético e previsibilidade financeira

Os ativos elétricos da Emae operam sob contratos de longo prazo em regime regulado, indexados à inflação, o que confere receitas estáveis. Essa receita pode amortizar parte dos custos operacionais da Sabesp, especialmente em setores intensivos em consumo de energia.

Ademais, ao internalizar parte da geração de energia, a Sabesp pode reduzir exposição externa a oscilações tarifárias elétricas, o que beneficia diretamente o saneamento no momento de execução de processos de captação, bombeamento, tratamento e distribuição.

Riscos operacionais e regulatórios

Há desafios inerentes à operação:

  • A conclusão da transação depende da aprovação de órgãos reguladores e de defesa da concorrência — atrasos ou condicionantes podem comprometer a eficácia da integração.
  • A Sabesp deixa claro que não pretende expandir agressivamente no setor elétrico além dessa operação, o que limita a estratégia a um escopo definido e cuidadoso.
  • A governança técnica será exigente: integrar hidrologia, operação elétrica e políticas regulatórias exige coordenação, sistemas de controle, transparência e maturidade institucional.

Recomendações para profissionais de saneamento

  1. Revisar modelos de gestão integrada: Profissionais de saneamento devem reavaliar como o sistema hídrico, esgoto e energia podem operar de forma integrada. A aquisição da Emae oferece uma nova plataforma para essa sinergia, especialmente se a Sabesp permitir maior flexibilidade entre mananciais.
  2. Propor projetos de eficiência energética no saneamento: É momento oportuno para propor estações de bombeamento inteligentes, uso de energia gerada internamente e operações fora dos picos tarifários, reforçando o papel da infraestrutura de saneamento como consumidora de energia estratégica.
  3. Aprimorar governança regulatória e conformidade: Na eventual integração entre saneamento e geração/energia, é vital garantir robustez regulatória, compliance, transparência e mecanismos de auditoria independentes para evitar conflitos e contingências regulatórias.
  4. Desenvolver estudos de viabilidade financeira: Antes de propor novos investimentos no contexto dessa integração, deve-se calcular retorno ajustado ao risco, considerando a previsibilidade energética da Emae, tarifas previstas e amortização dos ativos.
  5. Comunicação técnica entre equipes multidisciplinares: A implementação eficaz exigirá colaboração entre engenheiros hidráulicos, elétricos, regulatórios e de operação. Estruturas integradas (comitês técnicos) facilitarão a articulação entre setores do saneamento.

Conclusão

A aquisição da Emae pela Sabesp representa um movimento estratégico com potencial para reconfigurar aspectos operacionais e financeiros do saneamento na região metropolitana de São Paulo. Ao controlar reservas hídricas relevantes, estações elevatórias e ativos elétricos com receitas estáveis, a Sabesp pode fortalecer a segurança hídrica e melhorar a eficiência no saneamento.

Entretanto, o sucesso depende de governança sólida, preparo técnico, clareza regulatória e execução cuidadosa. Para os profissionais do setor, abre-se uma janela de oportunidade para repensar modelos de operação, integrar recursos e propor soluções mais resilientes no âmbito do saneamento.

Fontes