O saneamento está vivendo uma verdadeira revolução tecnológica. As companhias brasileiras estão adotando soluções digitais e sustentáveis que prometem transformar o setor até 2033. Sensores inteligentes, inteligência artificial, gêmeos digitais e energia renovável estão tornando o abastecimento de água e o tratamento de esgoto mais eficientes, seguros e sustentáveis. Essa transformação não apenas melhora os indicadores operacionais, mas também fortalece o compromisso ambiental e social das empresas de saneamento.
A seguir, estão as 10 tecnologias que toda companhia de saneamento deve implantar para alcançar excelência operacional e garantir a universalização dos serviços com eficiência e inovação.
1. Internet das Coisas (IoT) nas Redes de Água e Esgoto
O uso de sensores inteligentes está se tornando indispensável no saneamento. Companhias como Sanepar e Copasa já implantaram dispositivos que monitoram pressão, vazão e qualidade da água em tempo real. Esses sensores enviam dados para centrais de controle, permitindo detectar vazamentos, fraudes e variações anormais de consumo.
Essa automação reduz perdas reais, otimiza a manutenção preventiva e permite respostas imediatas a falhas. A Sabesp, por exemplo, instalou telemetria avançada em distritos de medição e controle, reduzindo perdas em mais de 10%. O saneamento digital começa exatamente pela conectividade das redes.
2. Inteligência Artificial e Big Data para Gestão Operacional
A análise de grandes volumes de dados tem se tornado essencial para o saneamento moderno. Companhias como Aegea Saneamento e BRK Ambiental já utilizam inteligência artificial para prever falhas em bombas, ajustar parâmetros operacionais e otimizar o consumo energético.
Com base em dados de pressão, consumo e histórico de reclamações, a IA identifica anomalias e recomenda ações automáticas. A Embasa, por exemplo, tem desenvolvido projetos-piloto que cruzam dados operacionais e comerciais, possibilitando decisões mais assertivas e reduzindo perdas aparentes.
3. Gêmeos Digitais (Digital Twin) e Simulação de Redes
O conceito de Digital Twin vem ganhando força entre as grandes companhias de saneamento. A Sanepar e a Sabesp já utilizam modelos virtuais tridimensionais de estações de tratamento e redes hidráulicas para simular o comportamento do sistema em tempo real.
Com essa tecnologia, é possível prever rupturas, planejar manobras seguras e testar cenários operacionais antes de executá-los no campo. Além de reduzir riscos, os gêmeos digitais melhoram o planejamento de obras e a capacitação de equipes técnicas.
4. Detecção Inteligente de Vazamentos
O desperdício de água é um dos maiores desafios do saneamento no Brasil. Em resposta, empresas como Sanasa Campinas e Copasa têm investido em sistemas de detecção acústica, sensores de pressão e algoritmos de IA capazes de identificar microvazamentos invisíveis a olho nu.
Essas tecnologias reduzem perdas físicas e aumentam a eficiência operacional. A Sanepar conseguiu reduzir seu índice de perdas para menos de 27% em áreas críticas, utilizando sensores conectados e softwares de análise preditiva. O saneamento inteligente exige redes que “escutam” e se autoavaliam.
5. Reúso de Água e Geração de Energia a partir do Esgoto
A economia circular se consolidou como tendência no saneamento. A Sabesp implantou estações de reúso que fornecem água tratada para indústrias e parques, reduzindo o consumo de água potável. Já a BRK Ambiental utiliza biodigestores para transformar o lodo das ETEs em biogás, gerando energia elétrica para suas próprias operações.
Essas práticas reforçam o compromisso ambiental das companhias e reduzem custos operacionais. A Embasa estuda projetos semelhantes para o semiárido baiano, visando usar o biogás gerado em ETEs como fonte de energia limpa.
6. Automação Avançada e Supervisão Remota (SCADA 4.0)
A automação industrial está evoluindo para o conceito de SCADA 4.0, que integra sensores, IA e supervisão em tempo real. Companhias como Copasa e Sanepar operam centros integrados de controle com painéis digitais que monitoram o abastecimento de dezenas de municípios simultaneamente.
Essa tecnologia aumenta a agilidade operacional e reduz falhas humanas. Além disso, melhora a segurança das manobras e a eficiência energética das bombas. O saneamento moderno depende de sistemas automatizados que operam 24 horas por dia com precisão.
7. Tecnologias Avançadas de Tratamento (ETA e ETE)
O tratamento de água e esgoto também vem passando por uma revolução. A BRK Ambiental adotou sistemas UBOX, que unem processos anaeróbios e aeróbios, reduzindo custos e área de instalação. A Sabesp modernizou suas ETAs com ultrafiltração e ozonização, garantindo qualidade superior da água distribuída.
Essas inovações melhoram a eficiência de remoção de impurezas e reduzem a geração de resíduos. São soluções ideais para companhias que buscam ampliar o saneamento com menor impacto ambiental e maior confiabilidade.
8. Energia Renovável e Autossuficiência Operacional
A energia é um dos maiores custos do saneamento, podendo representar até 30% das despesas operacionais. A Sabesp inaugurou em 2025 uma nova usina solar fotovoltaica, aumentando sua autossuficiência energética para 27%. A Sanepar também investe em microgeração solar em unidades operacionais.
Essas iniciativas reduzem custos e fortalecem políticas ESG (Environmental, Social and Governance). A adoção de energia limpa deve ser prioridade estratégica para todas as companhias de saneamento até 2033.
9. Gestão Digital de Clientes e Faturas
O relacionamento com o cliente está sendo redesenhado. Companhias como Embasa, Copasa e Aegea implementaram aplicativos móveis, chatbots e canais digitais integrados. Isso reduziu o tempo de atendimento e melhorou a satisfação do usuário.
Além de promover eficiência comercial, a digitalização fortalece a transparência e a confiança do público. A Embasa, em 2025, foi premiada nacionalmente pela sua jornada digital humanizada, demonstrando que tecnologia e empatia podem caminhar juntas no saneamento.
10. Inovação Aberta e Parcerias com Startups
A inovação aberta tornou-se pilar fundamental do saneamento 5.0. A Sanepar criou o Sanepar Labs, conectando universidades e startups em busca de soluções para perdas, energia e reúso. A Aegea lançou o Hub Aegea, com mais de 50 startups desenvolvendo soluções aplicadas ao setor.
Essas iniciativas fomentam a criação de tecnologias nacionais, aceleram resultados e reduzem custos de desenvolvimento. Companhias de saneamento que adotam esse modelo se tornam referência em modernização e sustentabilidade.
Impacto das Novas Tecnologias no Futuro do Saneamento
O saneamento do futuro será digital, sustentável e colaborativo. A convergência entre IoT, IA, energia limpa e inovação aberta cria um ecossistema inteligente de gestão da água. Companhias que adotam essas tecnologias conquistam maior eficiência operacional, segurança hídrica e credibilidade institucional.
Além disso, o investimento em tecnologia favorece o cumprimento das metas de universalização previstas no Novo Marco Legal do Saneamento. Até 2033, espera-se que as empresas que liderarem esse processo sejam também as mais reconhecidas pela sociedade e pelos órgãos reguladores.
Conclusão
O avanço tecnológico no saneamento representa mais do que modernização: é uma revolução estrutural. Companhias como Sabesp, Embasa, Sanepar, Copasa, Aegea e BRK Ambiental demonstram que inovação é o caminho mais eficiente para garantir água de qualidade, esgoto tratado e sustentabilidade financeira.
O futuro do saneamento já começou — e ele será impulsionado por dados, energia limpa e inteligência artificial.



