6 benefícios do novo licenciamento para o saneamento

A derrubada dos vetos presidenciais ao novo marco de licenciamento ambiental representou um avanço estrutural para o saneamento brasileiro. A medida, amplamente comemorada por entidades do setor de água e esgoto, atende a uma demanda histórica das companhias que atuam em saneamento: a necessidade de agilizar processos de autorização para obras essenciais, mas que frequentemente ficavam represadas por burocracia, interpretações divergentes e prazos indefinidos.

Com a decisão, consolidou-se um ambiente regulatório mais claro, mais previsível e muito mais alinhado às metas de universalização. Dessa forma, o saneamento passa a operar com maior segurança jurídica e com condições mais efetivas para expandir investimentos, especialmente em regiões vulneráveis, onde a ausência de água tratada e esgotamento sanitário ainda é uma realidade crítica.

1. Redução de prazos e mais previsibilidade para obras essenciais

A queda dos vetos garantiu que os empreendimentos de saneamento possam ser enquadrados, quando tecnicamente aplicável, como atividades de baixo ou médio impacto ambiental, eliminando excessos de exigências que, durante décadas, atrasaram redes de distribuição, adutoras, sistemas de esgotamento e estações de tratamento. Além disso, os órgãos ambientais passam a atuar com prazos mais objetivos, algo crucial para o avanço do saneamento.

Antes da mudança, companhias públicas e privadas enfrentavam processos que variavam facilmente de 18 a 48 meses, impactando diretamente cronogramas de investimento, metas contratuais e a capacidade de entrega dos serviços. Esse cenário dificultava o planejamento operacional e financeiro, criava riscos de descumprimento de metas e, na prática, retardava a expansão do saneamento em municípios de todos os portes.

Com a derrubada dos vetos, a previsibilidade aumenta de forma concreta. E com mais previsibilidade, o saneamento se torna mais atrativo para investidores, ao mesmo tempo em que permite que empresas estaduais, municipais e concessionárias organizem melhor seus planos de obras, cronogramas de licitação e execução, garantindo uma gestão mais eficiente dos ativos e dos recursos financeiros.

2. Aceleração dos investimentos e destravamento de obras paradas

Outro ponto central comemorado por especialistas é o destravamento imediato de projetos que estavam represados aguardando licenciamento. No setor de saneamento, há centenas de obras que têm impacto ambiental manejável, mas ainda assim enfrentavam exigências desproporcionais, como estudos extensos, análises sobrepostas e etapas duplicadas entre diferentes instâncias.

Com regras mais proporcionais ao risco real, obras de abastecimento de água, redes de esgoto, sistemas de recalque e estações de tratamento tendem a avançar com mais rapidez. Assim, o saneamento ganha ritmo, melhora o fluxo de investimentos e consegue responder à crescente demanda por ampliação de cobertura, redução de perdas, melhoria de qualidade e aumento da resiliência dos sistemas.

Entidades do setor destacam que a modernização do licenciamento pode acelerar bilhões de reais em investimentos até 2033, prazo das principais metas do novo marco do saneamento. Isso significa mais estações operando, mais redes entregues e mais famílias atendidas com água tratada e coleta de esgoto, reduzindo desigualdades regionais e sociais.

3. Segurança jurídica e alinhamento nacional

A uniformização das regras reduz a incerteza jurídica vivida pelas empresas do setor. Antes, cada estado interpretava de maneira distinta as exigências ambientais, criando cenários totalmente diferentes para o saneamento dependendo da região do país. Essa fragmentação prejudicava especialmente companhias que atuam em múltiplos municípios e que dependem de padronização para manter seus planejamentos e modelos de negócio.

Com a nova legislação, as diretrizes nacionais ficam mais claras, fortalecendo o saneamento como política de Estado, e não apenas como política local. Reguladores, operadores e investidores conseguem trabalhar de forma mais integrada, evitando conflitos de competência, reduzindo sobreposições de exigências e diminuindo o risco de judicialização de projetos estratégicos.

Essa segurança jurídica é considerada fundamental para o avanço das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões, que dependem de previsibilidade, estabilidade contratual e clareza regulatória. Ao eliminar incertezas, a derrubada dos vetos fortalece diretamente os modelos de financiamento e viabilização de grandes programas de saneamento, inclusive em áreas com maior vulnerabilidade socioeconômica.

4. Apoio à universalização e impacto direto na vida da população

Ao tornar o licenciamento ambiental mais eficiente, o país acelera o cumprimento das metas do saneamento: 99% de abastecimento de água potável e 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033. A lentidão no licenciamento era um dos principais entraves para chegar a esses números, pois atrasava obras fundamentais para ampliar redes, construir sistemas de tratamento e expandir o serviço para áreas urbanas e rurais vulneráveis.

Com o novo cenário, o impacto na vida da população tende a ser mais direto e mais rápido. Entre os benefícios esperados estão:

  • Expansão mais veloz do abastecimento de água tratada em áreas hoje desatendidas;
  • Ampliação da rede de esgotamento sanitário em municípios médios e grandes;
  • Melhoria do desempenho operacional de sistemas de saneamento já existentes;
  • Redução de doenças de veiculação hídrica associadas à falta de saneamento adequado;
  • Diminuição de impactos ambientais decorrentes do lançamento de esgoto sem tratamento em rios, lagos e praias.

Além disso, ao reduzir o atraso nas obras, o saneamento diminui custos operacionais, reduz retrabalho em projetos, evita perda de recursos e otimiza a aplicação de verbas públicas e privadas. Isso melhora a eficiência econômico-financeira e abre espaço para novos investimentos em tecnologia, inovação e modernização da infraestrutura existente.

5. Equilíbrio entre proteção ambiental e eficiência operacional

A derrubada dos vetos não significa flexibilização irresponsável das normas ambientais. O licenciamento continua obrigatório, técnico e pautado em critérios de proteção ao meio ambiente. A grande mudança é a busca pela proporcionalidade e pelo foco em risco real. Esse equilíbrio entre proteção ambiental e eficiência operacional é fundamental para o setor de saneamento.

Obras de saneamento, quando bem projetadas, licenciadas e operadas, têm impacto ambiental positivo ao longo de sua vida útil. A ampliação de água tratada e esgoto coletado reduz poluição hídrica, protege mananciais, rios e zonas costeiras, além de melhorar a saúde pública. Dessa forma, o novo marco reconhece o saneamento como parte da solução ambiental, e não apenas como fonte potencial de impacto.

Assim, o licenciamento passa a considerar o benefício ambiental líquido dos projetos de saneamento, favorecendo soluções que tragam ganhos claros para o meio ambiente, para a saúde coletiva e para a segurança hídrica, ao mesmo tempo em que garante controle, monitoramento e transparência.

6. Consolidação do saneamento como infraestrutura crítica

Com os vetos derrubados, o saneamento ganha status reforçado como infraestrutura crítica para o desenvolvimento econômico e social. Esse enquadramento alinha o Brasil a padrões internacionais e às recomendações de organismos multilaterais, que destacam a necessidade de priorizar água e esgoto como pilares de segurança hídrica, resiliência climática e qualidade de vida.

Ao reconhecer a criticidade do saneamento, o novo licenciamento coloca o setor no centro das estratégias de desenvolvimento sustentável, permitindo que investimentos fluam de forma contínua, integrada e orientada para resultados. Essa visão fortalece o planejamento de longo prazo e estimula a adoção de tecnologias mais eficientes, reduzindo perdas, consumos específicos de energia e custos de operação.

Na prática, o saneamento passa a ser tratado como infraestrutura indispensável, com prioridade em agendas de planejamento urbano, regional e ambiental. Esse redesenho institucional tende a consolidar políticas de Estado mais robustas e coerentes com as metas de universalização e com os compromissos climáticos assumidos pelo país.

Conclusão

A derrubada dos vetos ao novo marco do licenciamento ambiental trouxe benefícios concretos e estruturais para o saneamento. Com regras mais claras, prazos objetivos e maior segurança jurídica, o setor ganha capacidade para investir mais, executar obras com maior velocidade e avançar rumo à universalização dos serviços de água e esgoto. O impacto é técnico, econômico, ambiental e social, fortalecendo o saneamento como serviço público essencial e estratégico para o desenvolvimento do país e para a proteção da saúde da população.

Fontes