Dia Mundial do Monitoramento da Água: por que importa para o saneamento

O que é o Dia Mundial do Monitoramento da água?

Comemorado em 18 de setembro, o Dia Mundial do Monitoramento da água reforça a necessidade de avaliar, de forma contínua, a qualidade da água em rios, lagos, mananciais e sistemas de abastecimento. Embora seja uma data simbólica, serve como gatilho para que operadores, técnicos e gestores de saneamento revisem rotinas, fortaleçam planos de amostragem e, acima de tudo, transformem dados de água em decisões. Assim, a água deixa de ser apenas um insumo e passa a ser indicador de desempenho ambiental, de segurança hídrica e de saúde pública.

Por que o monitoramento da água é crítico para o saneamento?

Porque a água é o eixo que conecta captação, tratamento, distribuição, perdas, reuso e, por fim, a proteção de mananciais. Portanto, medir a água regularmente permite detectar contaminações, otimizar reagentes, reduzir custos operacionais e, consequentemente, cumprir requisitos legais. Além disso, a água monitorada com método e frequência adequados ampara a transparência com a sociedade e sustenta metas de universalização.

Quais parâmetros de água priorizar no dia a dia?

Para além das exigências legais, um bom programa equilibra parâmetros de processo e de saúde pública. Em síntese, recomenda-se: pH e alcalinidade (controle de coagulação e corrosividade), turbidez (barreira sanitária e eficiência de filtração), cor aparente/verdadeira, condutividade (sais totais), oxigênio dissolvido e temperatura (autodepuração de corpos de água), cloro residual livre/total (segurança microbiológica na rede), além de microbiológicos como E. coli. Em mananciais, vale ampliar para cianobactérias e cianotoxinas, nutrientes (nitrogênio e fósforo) e, quando pertinente, pesticidas e metais. A seleção deve refletir o risco local da água bruta e o histórico de variações sazonais.

Quais são as bases legais para monitorar a água no Brasil?

No abastecimento, a Portaria GM/MS nº 888/2021 define o padrão de potabilidade e as frequências de controle e vigilância da água para consumo humano. Já nos corpos hídricos, a Resolução CONAMA nº 357/2005 estabelece classes de água, diretrizes de enquadramento e condições de lançamento de efluentes. Complementarmente, programas como o QualiÁgua, da ANA, incentivam padronização e comparabilidade dos dados de água superficial entre unidades da federação. Ademais, sistemas como o SISAGUA organizam e dão rastreabilidade às informações de água de consumo.

Como desenhar um plano de amostragem de água robusto?

Primeiro, mapear os pontos críticos: captação, pós-tratamento, reservatórios, extravasores e trechos de rede com histórico de reclamações. Em seguida, definir frequência por risco (sazonalidade, eventos extremos e sensibilidade do corpo de água). Depois, padronizar frascos, conservantes e tempos de transporte. Finalmente, estabelecer QA/QC de água (brancos, duplicatas, padrões de verificação) e amarrar tudo em um LIMS (ou planilha controlada) com indicadores e alertas. Como resultado, o time sai do “apagamento de incêndio” e passa a atuar preventivamente.

Quais tecnologias podem acelerar o monitoramento da água?

Há três frentes complementares. Primeira: sondas multiparâmetros com telemetria e IoT para água em tempo quase real em mananciais e adutoras. Segunda: kits colorimétricos e espectrofotometria portátil para campanhas de campo, úteis em datas como 18 de setembro e em educação ambiental. Terceira: analytics para a água — desde dashboards simples até modelos que preveem risco de não conformidade, combinando chuva, temperatura, vazão e histórico. Contudo, tecnologia sem rotina e sem meta não entrega valor; por isso, indicadores de água (conformidade, tempo de resposta, custo por análise) precisam estar no PDCA operacional.

Como conectar o monitoramento da água à operação diária?

O caminho é integrar o dado de água ao controle de processo. Por exemplo, turbidez na saída de filtros deve acionar inspeção e, se necessário, retrolavagem; cloro residual fora da faixa em setores específicos deve disparar varredura de válvulas e verificação de pontos cegos; tendência de aumento de geosmina/mIB em água bruta pode antecipar carvão ativado em pó. Portanto, a água deixa de ser um laudo trimestral e se torna uma rotina de decisão horária.

Quais indicadores de água comunicar para a sociedade?

Transparência gera confiança. Assim, recomenda-se divulgar: índice de conformidade mensal por parâmetro crítico, ocorrência de E. coli (quando aplicável), eventos de água com baixa qualidade e as ações corretivas. Além disso, educar sobre a importância do consumo responsável de água e do descarte correto de resíduos contribui para reduzir pressão sobre mananciais.

Checklist prático para o Dia 18/9: monitoramento de água orientado a resultado

  • Revisar mapa de risco da água bruta e da água tratada.
  • Validar equipamentos, padrões e prazos de ensaio da água.
  • Rodar campanha rápida em pontos críticos da água com registro fotográfico e georreferenciamento.
  • Atualizar painéis de água e compartilhar achados com operação, manutenção e comunicação.
  • Agendar reciclagem da equipe sobre boas práticas de amostragem de água e QA/QC.
  • Planejar ações educativas com escolas e comunidades, usando kits simples de água para engajamento.

Conclusão: a água medida é a água protegida

Em síntese, o Dia Mundial do Monitoramento da água funciona como marco de cultura: mede-se melhor, decide-se mais rápido e protege-se a água no ciclo completo do saneamento. Porque, no fim, a água bem monitorada reduz riscos, assegura saúde e sustenta a confiança social nos serviços essenciais.

FONTES

  • https://www.monitorwater.org/key-dates
  • https://www.monitorwater.org/about
  • https://en.wikipedia.org/wiki/World_Water_Monitoring_Day
  • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2021/prt0888_07_05_2021.html
  • https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-888-de-4-de-maio-de-2021-318461562
  • https://conama.mma.gov.br/