Expansão da Sanepar ameaça posição das maiores do saneamento no país

Saneamento: Sanepar e Acciona avançam no Brasil

Em 26/09/2025, foi firmado um Memorando de Entendimento entre a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e a Acciona, multinacional espanhola de infraestrutura sustentável. A iniciativa, portanto, inaugura uma fase de expansão nacional no saneamento, em que as organizações estudarão a atuação conjunta, via consórcios, em concorrências públicas em diferentes regiões do Brasil. Assim, a estratégia combina a robustez operacional da Sanepar com a experiência global da Acciona, o que tende a acelerar ganhos de eficiência, inovação tecnológica e resultados ambientais no saneamento.

Contexto e indicadores que sustentam a expansão

Segundo o comunicado, a Sanepar atende atualmente 345 municípios — 344 no Paraná e um em Santa Catarina — com trajetória consolidada em abastecimento e esgotamento sanitário. No Estado, destaca-se a universalização do abastecimento de água na população atendida, além de índice de 81% de coleta de esgoto, com 100% desse esgoto tratado. Esses números, desse modo, posicionam a companhia de saneamento para antecipar metas do Marco Legal do saneamento. Ademais, a solidez econômico-financeira é ilustrada pela receita líquida de R$ 1,7 bilhão no 2º trimestre de 2025, crescimento de 2,5% frente ao mesmo período do ano anterior, reforçando condições para expandir com critério.

Como a parceria pretende atuar no saneamento

O documento prevê estudos, avaliações e tratativas para participação conjunta, em regime de consórcio, em licitações de saneamento. Na prática, isso implica modelagem societária, governança compartilhada e integração de equipes. Assim, a Sanepar aporta conhecimento regulatório, capacidade operacional e experiência regional em saneamento, enquanto a Acciona agrega engenharia, obras complexas e gestão de grandes empreendimentos, inclusive com referências no Brasil em diferentes estados. Essa combinação, por consequência, favorece propostas mais competitivas, redução de riscos e escalabilidade controlada.

Transformação digital: Sanepar 5.0 a serviço do saneamento

Durante a missão internacional, foi lançado o programa Sanepar 5.0, concebido para acelerar a transformação digital e fortalecer a inteligência hídrica. O programa organiza-se em cinco pilares: (1) infraestrutura digital e cibersegurança; (2) inteligência de dados e gestão integrada; (3) operações inteligentes; (4) experiência do cliente e serviços digitais; e (5) conexão sustentável 5.0. Com isso, tecnologias como Inteligência Artificial, Gêmeos Digitais, Machine Learning, Internet das Coisas, Big Data e Business Intelligence passam a sustentar decisões, otimizar processos e reduzir perdas de água. Desse modo, o saneamento ganha confiabilidade de ativos, disponibilidade operacional e maior qualidade do serviço prestado.

Casos de uso e ganhos operacionais esperados

Entre as iniciativas citadas, incluem-se o monitoramento de corpos hídricos e de poços do sistema de esgotamento, a detecção de perdas em tubulações por sensores, robôs, hidrofones inteligentes e imagens de satélite, além de ações de saneamento circular e regenerativo. Consequentemente, espera-se reduzir custos, diminuir perdas, antecipar falhas e melhorar a experiência do cliente. Ao mesmo tempo, práticas de economia circular — como valorização de lodos, biogás, fertilizantes e água de reuso — reforçam a sustentabilidade, o que é central para a agenda ESG aplicada ao saneamento.

Riscos, desafios e premissas de execução

Para que a expansão seja gradual e criteriosa, alguns pontos técnicos merecem atenção: a interoperabilidade entre novos sistemas digitais e a infraestrutura já existente; o desenvolvimento de competências internas para gerir dados, cibersegurança e automação; a padronização de ativos e processos; e o preparo contratual para refletir metas, indicadores e mecanismos de performance típicos do saneamento. Além disso, é crucial considerar variações regionais (solo, topografia, densidade urbana, clima) ao replicar soluções, o que demanda estudos de viabilidade robustos e governança integrada.

Implicações práticas para profissionais do saneamento

Aos gestores, engenheiros e técnicos, o movimento traz diretrizes claras: fortalecer diagnóstico de perdas e confiabilidade de ativos com IoT e analytics; preparar planos de manutenção preditiva; e consolidar indicadores de desempenho em plataformas de BI. Paralelamente, cabe planejar contratos de operação que alinhem metas de universalização do saneamento com compromissos de eficiência. Finalmente, a integração entre áreas — operação, engenharia, TI, regulação e atendimento — torna-se decisiva para transformar dados em resultados.

Conclusão: um passo estratégico para o saneamento brasileiro

A parceria Sanepar–Acciona sinaliza ambição e realismo: ambição ao mirar o mercado nacional de saneamento, e realismo ao priorizar expansão por meio de consórcios, com tecnologia e governança. Portanto, a agenda de transformação digital, eficiência operacional e saneamento circular pode acelerar a entrega de valor à população, antecipando metas legais e elevando padrões de serviço. Se bem executada, essa combinação de experiência local e engenharia global tende a consolidar um novo patamar para o saneamento no Brasil, com benefícios econômicos, sociais e ambientais duradouros.

Fontes