Sem saneamento, as crianças pagam o preço com a saúde

A reportagem do UOL (25/09/2025) evidencia, de forma contundente, que a ausência de saneamento básico impacta diretamente a saúde infantil e compromete o desenvolvimento social e econômico do país. Em linguagem clara, mas com rigor técnico, este artigo organiza os principais achados e consequências apontados na matéria e os traduz para a prática dos profissionais de saneamento. Assim, demonstra-se como a falta de coleta e tratamento de esgoto, de água potável contínua e de instalações sanitárias adequadas amplia riscos sanitários, reduz oportunidades educacionais e perpetua desigualdades.

Impactos na saúde infantil e no ciclo de aprendizagem

Conforme descrito na reportagem, ambientes sem saneamento digno aumentam a exposição a patógenos entéricos e elevam a incidência de diarreias e outras doenças de veiculação hídrica. Inevitavelmente, crianças adoecem mais, faltam às aulas com maior frequência e apresentam pior desempenho escolar. Em síntese, a carência de saneamento não é apenas um problema de infraestrutura: é um fator que corrói o capital humano na primeira infância, com reflexos por toda a vida.

Desigualdade e vulnerabilidade social

A matéria destaca que a falta de saneamento pesa mais sobre famílias de baixa renda e sobre territórios periféricos. Nessas áreas, o acesso a água segura, a banheiros e a redes de esgoto é insuficiente, o que agrava quadros de vulnerabilidade, compromete a segurança alimentar e amplia custos indiretos com saúde. Além disso, a precariedade do saneamento agrava estigmas sociais e afeta especialmente meninas e adolescentes, para quem a falta de banheiros e privacidade pode significar evasão escolar.

Metas de saneamento e o desafio de execução

Ainda que o marco regulatório estabeleça objetivos ambiciosos para universalizar o saneamento, a reportagem ressalta a distância entre metas e realidade em muitos territórios. Os obstáculos incluem investimentos historicamente insuficientes, projetos mal dimensionados e cronogramas que esbarram na complexidade das obras. Em outras palavras, o avanço do saneamento no ritmo atual é incompatível com a urgência sanitária, especialmente quando se observa o impacto cumulativo na infância.

Como transformar o diagnóstico em ação

A partir das implicações apontadas pela reportagem, recomenda-se aos gestores e técnicos de saneamento um conjunto de práticas para acelerar resultados, sem perder eficiência:

  • Planejamento integrado e baseado em risco: mapear áreas com maior incidência de doenças relacionadas ao saneamento e priorizar intervenções que maximizem a redução de carga de doença por real investido.
  • Projetos modularizados: desenhar sistemas de saneamento escaláveis (estações compactas, redes condominiais, soluções por bacias) para antecipar benefícios e acelerar ligações domiciliares.
  • Sincronização de obras: coordenar saneamento, drenagem e mobilidade para reduzir retrabalho, minimizar interferências viárias e encurtar prazos de implantação.
  • Operação orientada a performance: estabelecer metas de qualidade da água, perdas e eficiência energética com monitoramento contínuo, conectando indicadores operacionais a desfechos sanitários.
  • Comunicação e engajamento social: campanhas de uso responsável e adesão ao sistema, com foco em ligações regulares e manejo adequado de efluentes, fortalecendo a sustentabilidade do saneamento.

Financiamento e governança para escala

Para encurtar a distância entre intenção e entrega, é essencial combinar instrumentos financeiros e arranjos institucionais. Mecanismos como regionalização, parcerias e modelos que viabilizem subsídios bem focalizados podem dar escala ao saneamento sem perder de vista a equidade. Além disso, transparência em custos, prazos e resultados aumenta a confiança social, reduz insegurança jurídica e atrai capital para o saneamento.

O papel do profissional de saneamento

Diante do quadro apresentado na reportagem, o profissional de saneamento deve integrar epidemiologia, engenharia e gestão. Em termos práticos, isso significa qualificar diagnósticos, priorizar soluções de maior impacto sanitário, garantir operação estável e comunicar resultados em linguagem simples. Ao alinhar projetos às evidências destacadas pela matéria, o setor de saneamento consegue proteger a infância, reduzir internações evitáveis e produzir ganhos sociais duradouros.

Conclusão

A análise do conteúdo do UOL é inequívoca: sem saneamento adequado, o Brasil adoece crianças e compromete seu futuro. Portanto, acelerar obras, melhorar a gestão e priorizar territórios vulneráveis não é apenas uma questão de infraestrutura; é uma agenda de saúde, educação e produtividade. Para o público técnico, o recado é claro: transformar diagnóstico em entrega, e entrega em saúde — com saneamento que chegue, funcione e permaneça.

Fontes