A redução de perdas é um dos pilares mais críticos do saneamento contemporâneo. Em muitos sistemas de distribuição, as perdas totais ainda superam patamares desejáveis e, por isso, comprometer eficiência operacional, sustentabilidade econômica e metas de universalização. Ao adotar atalhos práticos, alinhados a dados e com foco no retorno, a companhia de saneamento consegue acelerar a redução de perdas sem desperdício de recursos, ao mesmo tempo em que melhora a prestação do serviço, fortalece a imagem institucional e maximiza resultados financeiros.
1) Localização de vazamentos não visíveis com tecnologia acústica
Análise técnica do atalho
Perdas reais, sobretudo as de vazamentos subterrâneos, respondem por grande parcela do volume não faturado. A abordagem recomendada combina setorização em Zonas de Medição e Controle (ZMC) com survey acústico (geofones digitais, correlacionadores, sensores de ruído) e rotinas noturnas de pesquisa. Ao concentrar recursos nas ZMC de pior balanço hídrico, a companhia acelera a redução de perdas com rápida identificação de pontos críticos antes que se transformem em rompimentos e danos maiores.
Exemplo brasileiro alinhado ao atalho
Sabesp (SP): em trecho-piloto de aproximadamente 50 km, a aplicação combinada de sensores acústicos e análise inteligente localizou dezenas de vazamentos não visíveis que não haviam sido detectados por métodos convencionais, elevando a eficiência operacional e gerando economia significativa de água tratada. O foco em perdas reais ocultas impulsionou a redução de perdas em curto prazo, com reflexos positivos em energia e manutenção.
Recomendações práticas
- Priorizar ZMC com perdas específicas elevadas e histórico de rompimentos.
- Executar varreduras acústicas noturnas e guiar reparos por criticidade hidráulica e volumétrica.
- Instituir prazos-padrão entre detecção e reparo para consolidar a redução de perdas.
2) Inteligência de dados para reduzir perdas aparentes
Análise técnica do atalho
As perdas aparentes (comerciais) decorrem de erros de medição, cadastros desatualizados e irregularidades. Integrar dados de macromedição, micromedição, histórico de consumo e cadastro técnico permite capturar anomalias como consumos zerados, medidores parados e perfis fora da curva. Com essa base, é possível direcionar inspeções, corrigir cadastros e recuperar receita, reforçando a redução de perdas do ponto de vista comercial.
Exemplo brasileiro alinhado ao atalho
Aplicação acadêmico-operacional (Nordeste): modelos baseados em algoritmos de inteligência artificial, desenvolvidos em parceria com instituições como a UFPB, alcançaram alta acurácia na detecção de fraudes e inconsistências, apoiando concessionárias regionais na recuperação de faturamento e na consolidação da redução de perdas aparentes com baixo investimento incremental.
Recomendações práticas
- Cruzar leitura, cadastro e faturamento para ranquear anomalias por impacto financeiro.
- Atacar ligações irregulares e medidores com baixa performance antes de ações amplas.
- Monitorar ganhos de receita e retroalimentar o modelo para intensificar a redução de perdas.
3) Troca direcionada de hidrômetros com base em desempenho
Análise técnica do atalho
Trocar medidores em massa nem sempre é econômico. A estratégia vencedora é selecionar, com base em dados, os hidrômetros que mais distorcem a medição: por idade, baixa vazão recorrente, desvio estatístico e histórico de manutenção. Assim, obtém-se aumento de precisão e justiça tarifária, com custos controlados e impacto direto na redução de perdas comerciais.
Exemplo brasileiro alinhado ao atalho
SANASA (Campinas, SP): um programa de substituição inteligente priorizou equipamentos com pior desempenho medido, resultando em queda expressiva do índice de perdas totais ao longo de alguns anos, além de incremento relevante na micromedição e estabilização de receitas — reforçando a redução de perdas sem elevar desnecessariamente o CAPEX.
Recomendações práticas
- Mapear idade, volume acumulado e padrão de erro estimado por modelo de hidrômetro.
- Priorizar clientes de alto volume e setores com maior retorno econômico potencial.
- Mensurar o payback por lote para guiar a expansão da redução de perdas.
4) Controle ativo de pressão e redução de rompimentos
Análise técnica do atalho
Pressões elevadas geram esforço mecânico, microvazamentos e rupturas, ampliando perdas reais. O caminho rápido passa por válvulas redutoras de pressão (VRP), ajustes noturnos e telemetria progressiva. Ao suavizar transientes e reduzir picos, a companhia minimiza vazamentos futuros e estabiliza o serviço, acelerando a redução de perdas com ganhos adicionais em energia e vida útil de ativos.
Exemplo brasileiro alinhado ao atalho
Cagece (CE): piloto de gestão de pressão em áreas de Fortaleza reduziu rompimentos de rede de forma consistente e entregou queda importante em perdas reais no primeiro ano, integrando VRPs a monitoramento contínuo e apoio do centro de controle. Com isso, a redução de perdas tornou-se estrutural, não apenas emergencial.
Recomendações práticas
- Levantar mapas de pressão, definir zonas de controle e setpoints por criticidade.
- Iniciar por controle manual noturno e evoluir para automação conforme retorno.
- Auditar efeitos em vazamentos/km e frequência de rompimentos para sustentar a redução de perdas.
5) Engajamento operacional com metas e reconhecimento
Análise técnica do atalho
Tecnologia sem cultura não sustenta resultados. Estruturar metas claras por área, divulgar painéis de desempenho, reconhecer equipes e institucionalizar rotinas de análise fortalece a execução em campo e perpetua a redução de perdas. A transparência dos indicadores cria foco, enquanto o reconhecimento estimula produtividade e colaboração.
Exemplo brasileiro alinhado ao atalho
Águas Guariroba (MS): combinando metas operacionais, capacitação e rituais de acompanhamento, o operador reduziu expressivamente o índice de perdas ao longo de vários anos. A governança de indicadores consolidou a redução de perdas como objetivo permanente, ao lado de telemetria, inspeção e resposta rápida.
Recomendações práticas
- Definir indicadores-chave (perdas na distribuição, vazamentos/km, tempo de reparo).
- Publicar painéis setoriais e instituir reconhecimento periódico de desempenho.
- Promover ritos mensais de aprendizado para reforçar a redução de perdas.
Integração dos atalhos e ganhos esperados
Como as peças se complementam
Os cinco atalhos atuam de modo complementar: a tecnologia acústica enfrenta perdas reais ocultas; a inteligência de dados reduz perdas aparentes; a troca direcionada corrige a medição onde há maior retorno; o controle de pressão previne vazamentos e rompimentos; e o engajamento operacional garante continuidade. Em conjunto, consolidam uma trajetória de redução de perdas sustentada, com impacto técnico, econômico e ambiental mensurável.
Fontes com links clicáveis
- Trata Brasil – Estudo Nacional de Perdas (2023)
- Sabesp – IA e sensores acústicos para localizar vazamentos
- UFPB – Algoritmos para detectar vazamentos e furtos
- SANASA – Histórico e programas de eficiência
- Cagece – Gestão de pressão e redução de perdas
- Águas Guariroba – Resultados em perdas e governança



