Gestão de perdas de água: 5 softwares imbatíveis

A gestão de perdas de água deixou de ser projeto pontual e tornou-se disciplina operacional diária. Em um ambiente de clima mais extremo, custos elevados e pressão regulatória, selecionar um software adequado é decisivo para reduzir água não faturada com rapidez e previsibilidade. A seguir, um guia prático e direto sobre cinco plataformas que combinam maturidade, facilidade de integração e aderência ao contexto brasileiro: TaKaDu CEM, Xylem Vue powered by GoAigua, Bentley OpenFlows WaterSight, Idrica GoAigua e Autodesk Info360 Insight. O objetivo é apoiar a tomada de decisão e acelerar a implantação de programas de gestão de perdas de água baseados em dados, rotina e resultados.

Por que focar nesses cinco?

  • Maturidade e casos reais: soluções consolidadas, com referências em concessionárias da América Latina e Europa.
  • Integração modular: conectam SCADA, AMR/AMI, GIS e medidores com baixa fricção.
  • Curva de implantação curta: especialmente em modelos SaaS, com ganhos mensuráveis por DMA.
  • Escalabilidade: permitem começar pequeno e crescer sem refazer o ecossistema.

1) TaKaDu CEM (Central Event Management)

O TaKaDu atua como uma “sala de situação” automatizada: absorve dados de SCADA, registradores de pressão/fluxo e macro/ micromedição, detecta anomalias e transforma sinais em tickets priorizados. Para a gestão de perdas de água, isso significa identificar vazamentos não visíveis, eventos de pressão e possíveis falhas de medição mais cedo, reduzindo volumes perdidos e tempo de resposta.

Forças

  • SaaS e rápida ativação: ideal como primeiro componente analítico em programas de perdas.
  • Enfoque por DMA: facilita metas locais (L/lig/dia, MTTR) e verificação de ganhos.
  • Operação 24/7: triagem contínua com histórico de eventos e KPIs.

Pontos de atenção

  • Qualidade de dados: exige calibração em macro-medições e tags padronizadas.
  • Processo de campo: sem rotina de OS, os alertas não viram resultado.

2) Xylem Vue powered by GoAigua

Plataforma integrada e vendor-agnostic que unifica dados operacionais (SCADA, AMR/AMI, GIS e ERP) e entrega módulos dedicados a vazamentos, pressão, qualidade e ativos. Para a gestão de perdas de água, oferece visão holística da rede, priorização de DMAs e rotinas de investigação com dashboards executivos.

Forças

  • Integração ampla: reduz silos e cria “fonte única da verdade”.
  • Módulos de NRW/pressão: nativos, com indicadores e relatórios prontos.
  • Presença regional: suporte e materiais em português aceleram adoção.

Pontos de atenção

  • Governança de dados: exige disciplina na manutenção de cadastros e telemetria.
  • TCO: avaliar licenças, serviços de integração e roadmap de expansão.

3) Bentley OpenFlows WaterSight (Digital Twin)

O WaterSight conecta o modelo hidráulico à operação em tempo quase real, contextualizando alarmes com simulações (“e se?”). Na gestão de perdas de água, ajuda a localizar perdas reais, planejar controle de pressão, estimar impactos de intervenções e priorizar investimentos com base em risco/benefício.

Forças

  • Planejamento + operação: o gêmeo digital aproxima centros de engenharia e operação.
  • Decisão baseada em cenário: apoia VRPs dinâmicas e manobras mais seguras.
  • Escala: adequado para redes complexas e capitais com múltiplos sistemas.

Pontos de atenção

  • Complexidade: demanda equipe habituada a modelos hidráulicos e dados confiáveis.
  • Implantação: integração e calibração levam mais tempo que ferramentas puramente analíticas.

4) Idrica GoAigua (módulo Water Loss)

Embora componha a base tecnológica de outras ofertas, o GoAigua pode ser contratado com foco específico em perdas. O módulo Water Loss combina dados de medição, pressão e consumo para priorizar vazamentos não visíveis, quantificar submedição e orientar planos de troca de hidrômetros. Em programas de gestão de perdas de água com forte componente comercial (perdas aparentes), tende a gerar ROI rápido.

Forças

  • Foco em NRW: métricas e relatórios diretamente alinhados a perdas reais/aparentes.
  • Experiência internacional: aprendizados replicáveis em contexto latino-americano.

Pontos de atenção

  • Integrações: similares às do Xylem Vue; prever serviços de adaptação.
  • Dados comerciais: sucesso depende de qualidade do cadastro e leitura.

5) Autodesk Info360 Insight

O Info360 Insight oferece camadas de monitoramento, análise e gestão de incidentes em nuvem. Para a gestão de perdas de água, funciona como painel unificado de desempenho, com alarmes e KPIs operacionais. É especialmente útil onde já existem soluções de campo e busca-se padronizar indicadores e relatórios corporativos.

Forças

  • Dashboards e KPIs: visão clara para operação e diretoria.
  • Nuvem: implantação ágil e menor atrito de infraestrutura.

Pontos de atenção

  • Foco: menos especialista em perdas do que plataformas dedicadas a NRW.
  • Customização: pode exigir ajustes para metas por DMA e trilhas de OS.

Como escolher: matriz prática por critérios

Para tornar objetiva a decisão, recomenda-se uma matriz ponderada (0–5) com pesos típicos: Impacto em perdas reais (25%), Integração/Interoperabilidade (20%), Tempo de implantação/Curva de aprendizado (15%), Operação por DMA (10%), Suporte local/Idioma (10%), Escalabilidade/roadmap (10%) e TCO (10%). A soma ponderada gera um ranking que reflete o momento da companhia e o contexto de dados disponíveis.

Correspondência por estágio de maturidade

  • Início da jornada: TaKaDu CEM para ganhar visão e reduzir MTTR rapidamente.
  • Maturidade intermediária: Xylem Vue ou Idrica GoAigua para integrar dados e atacar perdas reais/aparentes.
  • Alta complexidade: Bentley WaterSight quando a engenharia de rede é diferencial e a simulação traz valor diário.
  • Padronização de KPIs: Info360 Insight para institucionalizar indicadores e relatórios corporativos.

Roteiro de implantação em 180 dias

Fase 1 — Preparação (0–30 dias)

  • Nomear responsável por perdas, definir 2–4 DMAs piloto e calibrar macro-medições.
  • Padronizar tags/variáveis e garantir telemetria mínima de pressão/fluxo.

Fase 2 — Plataforma e dados (30–90 dias)

  • Implantar o software escolhido, integrar SCADA/GIS e habilitar dashboards por DMA.
  • Estabelecer rotina de triagem diária e emissão de OS a partir dos alertas.

Fase 3 — Campo e pressão (90–150 dias)

  • Varreduras acústicas noturnas, correlação e reparos rápidos em “pontos quentes”.
  • Controle de pressão (VRPs/PRVs) nos DMAs piloto com meta de pressão noturna.

Fase 4 — Escala e governança (150–180 dias)

  • Expandir para 10–20 DMAs, auditar resultados e consolidar POPs de perdas.
  • Reportar KPIs (NRW, L/lig/dia, ILI, MTTR) para diretoria e regulador.

Boas práticas para sustentação

  • Dados primeiro: sem macro-medição confiável, não há prova de ganho.
  • DMA verdadeiro: limites hidráulicos definidos e válvulas sob controle.
  • Rotina diária: software + gente + OS = resultado.
  • Pressão sob controle: VRPs/PRVs mantidas e metas noturnas.
  • Hidrômetros e fraudes: plano contínuo para perdas aparentes.

Conclusão

Combinando plataforma adequada, disciplina operacional e foco por DMA, a gestão de perdas de água entrega ganhos rápidos, posterga investimentos e melhora a continuidade. TaKaDu CEM acelera a visão e o MTTR; Xylem Vue e Idrica GoAigua integram dados e estruturam o programa; Bentley WaterSight eleva a decisão com gêmeo digital; e Info360 Insight padroniza KPIs corporativos. A escolha assertiva nasce de uma matriz simples, um piloto bem medido e uma rotina que transforma alerta em reparo. Assim, a gestão de perdas de água sai do discurso e vira vantagem operacional mensurável.

Fontes