10 habilidades que todo profissional de saneamento precisa

O saneamento enfrenta metas de universalização, marcos regulatórios mais exigentes, pressão por eficiência e transformação digital. Por isso, as 10 habilidades a seguir foram selecionadas por reduzirem riscos, cortarem custos, melhorarem indicadores e garantirem conformidade. Elas são úteis a quem atua com água, esgoto, drenagem urbana ou resíduos sólidos, e também a quem trabalha em operação, engenharia, comercial, planejamento, qualidade, manutenção ou regulação. Em síntese, criam linguagem técnica compartilhada e aceleram decisões no saneamento.

1) Leitura de projetos e plantas com precisão

O que é

Interpretar plantas, perfis, memoriais, diagramas de processo e especificações para sistemas de saneamento.

Como aplicar

Validar traçados, checar interferências, conferir cotas e materiais, garantir compatibilidade entre disciplinas e antecipar riscos.

Por que toda área precisa

Evita retrabalhos, reduz CAPEX e OPEX, acelera manutenções e embasa decisões de investimento. Impacta positivamente todas as áreas do saneamento.

2) Controle de perdas e medição com balanço hídrico

O que é

Domínio de perdas reais e aparentes, macro/micromedição, setorização, inspeção e indicadores como o IPL.

Como aplicar

Fechar balanços por distrito, priorizar zonas críticas, usar dados de pressão e vazão para intervir com precisão.

Por que toda área precisa

Perdas impactam receita, energia e continuidade do serviço. Operação, engenharia, comercial e regulação precisam de visão comum para metas corporativas de saneamento.

3) Operação e manutenção eletromecânica

O que é

Conhecimento prático de bombas, válvulas, motores, painéis, inversores, instrumentação e sistemas SCADA.

Como aplicar

Planejar preventiva e preditiva, ler curvas de bombas, definir sobressalentes críticos e rotas de inspeção.

Por que toda área precisa

Reduz paradas e falhas, melhora qualidade percebida e segurança operacional, com reflexos em indicadores de todo o saneamento.

4) Qualidade da água e do efluente

O que é

Parâmetros físico-químicos e microbiológicos, rastreabilidade, planos amostrais e respostas a desvios em ETAs e ETEs.

Como aplicar

Executar plano amostral, manter cadeia de custódia, ajustar processo e comunicar não conformidades com agilidade.

Por que toda área precisa

Conformidade é requisito sanitário, ambiental e reputacional. Do projeto ao atendimento, toda a companhia de saneamento depende dessa segurança.

5) Regulação, normas e contratos

O que é

Compreensão do marco legal, normas de referência, NBRs, metas contratuais e obrigações de desempenho.

Como aplicar

Traduzir cláusulas em metas internas, prazos e evidências, integrando áreas para cumprimento regulatório.

Por que toda área precisa

Regras definem como o saneamento deve operar e reportar. Sem isso, projetos, tarifas e investimentos ficam vulneráveis a sanções.

6) Modelagem hidráulica e hidrológica

O que é

Simulação de redes de abastecimento, esgotamento e drenagem para dimensionamento, operação e planejamento.

Como aplicar

Avaliar pressões, reservação, extravasamentos e pontos de alagamento; testar cenários e otimizações.

Por que toda área precisa

Eleva a assertividade do CAPEX, fornece insumos à operação e apoia a resiliência climática do saneamento.

7) Dados, GIS e telemetria

O que é

Georreferenciamento, BI, integração SCADA-ERP-CRM e governança de dados para decisões em tempo real.

Como aplicar

Criar cadastros confiáveis, dashboards de KPIs, alarmes e rotinas de qualidade de dados.

Por que toda área precisa

Dados sólidos reduzem incerteza: comercial fatura melhor, manutenção prioriza melhor e a direção acompanha o saneamento com transparência.

8) Eficiência energética e automação

O que é

Curvas de rendimento, tarifas, automação de bombas, resposta à demanda e uso de energias renováveis.

Como aplicar

Otimizar partidas, deslocar carga fora de ponta, ajustar setpoints por demanda e monitorar consumo específico.

Por que toda área precisa

Energia é grande parcela de custos. Profissionais de saneamento que dominam o tema ampliam margens e reduzem emissões.

9) Gestão de resíduos e lodos

O que é

Classificação, tratamento e destinação de resíduos operacionais e lodos de ETE/ETA, com rastreabilidade.

Como aplicar

Definir rotas de destinação, avaliar reaproveitamentos permitidos e gerir contratos com controle de qualidade.

Por que toda área precisa

Minimiza passivos, evita multas e pode abrir receitas acessórias; demanda integração em toda a cadeia do saneamento.

10) Comunicação técnica e reporte

O que é

Relatórios, memoriais, pareceres, atas e apresentações executivas com linguagem simples e objetiva.

Como aplicar

Usar gráficos claros, análise de causa-raiz e plano de ação verificável; registrar lições aprendidas.

Por que toda área precisa

Decisões corporativas dependem de racional técnico claro. Quando a comunicação flui, o saneamento avança com menos ruído.

Habilidades-ponte que potencializam as 10 anteriores

  • Gestão de ativos (ISO 55000): disciplina para ciclo de vida, do cadastro à renovação.
  • Segurança do trabalho: procedimentos que reduzem acidentes e interrupções.
  • Compras e contratos: especificações técnicas melhores evitam sobrecustos.
  • Melhoria contínua (PDCA/Kaizen): ganhos recorrentes que movem indicadores de saneamento.

Prova de aplicabilidade transversal

  1. Impacto financeiro: perdas, energia e retrabalho afetam todas as áreas; melhorias ampliam margens no saneamento.
  2. Risco e compliance: qualidade e regulação protegem projetos, operação e faturamento.
  3. Eficiência operacional: modelagem, dados e O&M reduzem falhas e tempo de resposta.
  4. Integração e governança: comunicação técnica e resíduos exigem colaboração real.
  5. Resiliência e ESG: drenagem, energia e economia circular são agendas corporativas.

Roteiro de evolução em 90 dias

  • Semanas 1–4: padronizar leituras de projeto e fechar balanços por distrito com dashboard simples.
  • Semanas 5–8: reforçar O&M, revisar curvas de bombas críticas e rotinas de qualidade.
  • Semanas 9–12: criar célula mínima de dados/GIS, rodar simulações piloto e revisar contratos com foco em entregáveis.

Conclusão

Um saneamento de alta performance nasce quando diferentes especialidades dominam um conjunto comum de competências. Essas 10 habilidades criam linguagem técnica compartilhada, aceleram decisões e sustentam metas de universalização com segurança, qualidade e eficiência — independentemente de a atuação ser na operação, no comercial, na engenharia, no planejamento ou na regulação.

Fontes