Water Loss 2026: O Brasil no centro da maior conferência mundial sobre perdas de água

Quando e onde: 26 a 29 de abril de 2026 — Rio de Janeiro, Brasil

Organização: ABES e IWA (Water Loss Specialist Group)

As inscrições já estão abertas no site oficial do evento.

O Water Loss 2026 é a mais importante conferência internacional dedicada à redução e controle de perdas de água.

Serão quatro dias de apresentações selecionadas por comitê técnico, painéis de alto nível e troca de experiências entre especialistas do mundo inteiro.

Para quem atua em abastecimento de água, operação de redes, medição e faturamento, é a oportunidade de alinhar estratégia, tecnologia e execução

com o que há de mais avançado — e voltar com um plano prático para reduzir perdas na realidade brasileira.

Por que este tema é urgente no Brasil

O país ainda convive com níveis elevados de perdas na distribuição — em muitos sistemas, o balanço hídrico indica patamares entre
35% e 40%. Isso pressiona custos de produção, compromete a segurança hídrica, reduz a receita e atrasa a universalização.

A virada exige gestão baseada em dados, controle ativo e contínuo de vazamentos, pressurização inteligente e um
combate profissional à perda aparente com auditoria comercial e conformidade metrológica.

Desafios brasileiros no combate às perdas

1) Perdas reais (físicas)

  • Redes antigas e heterogêneas, com materiais sensíveis a transientes e fadiga de juntas.
  • Excesso de pressão noturna e ausência de lógica de pressão crítica.
  • Baixa setorização hidráulica (DMAs) e macromedição não confiável, dificultando medir o Minimum Night Flow (MNF).
  • Pesquisa de vazamentos reativa, sem monitoramento contínuo por loggers/telemetria.
  • Reparos sem padronização e pouca rastreabilidade do tempo de resposta e da qualidade pós-reparo.
  • Automação limitada em reservatórios, válvulas e manobras, gerando perdas por operação.

2) Perdas aparentes (comerciais/cadastrais)

  • Hidrômetros envelhecidos e submedindo, sem política estruturada de substituição por idade/consumo.
  • Cadastro comercial incompleto (endereços, CPFs/CNPJs) e inconsistências que dificultam faturamento/cobrança.
  • Erros de leitura em rotinas ainda analógicas; ausência de comprovação fotográfica e analytics de exceções.
  • Fraudes e ligações clandestinas (bypass, magnetos, intervenções em ramais) com baixa inspeção dirigida.
  • Macromedição sem aferição metrológica periódica, contaminando o balanço hídrico.
  • Falta de um programa robusto de Revenue Assurance integrando dados, auditoria e campo.

O que já funciona no Brasil: iniciativas de destaque

Categoria Boas práticas implementadas
Perdas reais
  • Setorização em larga escala (DMAs) bem desenhados, com MNF e balanço setorial.
  • PRVs inteligentes com controle remoto e lógica de pressão crítica.
  • Telemetria contínua (NB-IoT/LoRaWAN/SCADA) para pressão e vazão.
  • Pesquisa ativa com geofones, correlacionadores e loggers acústicos noturnos.
  • Renovação de redes guiada por asset management (falhas, criticidade e LCC).
  • Indicadores de tempo de resposta e qualidade pós-reparo com auditoria de campo.
Perdas aparentes
  • Troca massiva de hidrômetros por idade/faixa de consumo (curva ABC) e rastreabilidade metrológica.
  • Bancadas de aferição certificadas e políticas de aceitação/reprovação.
  • Leitura com comprovação fotográfica e IA para anomalias/exceções.
  • Smart meters/AMI para grandes consumidores e clientes críticos.
  • Auditoria cadastral georreferenciada e saneamento de base.
  • Inspeções dirigidas por analytics e programas de regularização com incentivos.

O que deve aparecer de novidade no Water Loss 2026

  1. IA para detecção precoce de vazamentos, combinando pressão, vazão, ruído e vibração para gerar ordens de serviço dirigidas.
  2. Gêmeos digitais conectando o modelo hidráulico ao tempo real, simulando set-points de PRVs, manobras e cenários de intervenção.
  3. Loggers acústicos de nova geração com NB-IoT e algoritmos embarcados de priorização.
  4. Sensoriamento remoto por satélite (incl. radar SAR/termal) para triagem de adutoras e áreas de difícil acesso.
  5. DAS – Distributed Acoustic Sensing via fibra óptica para corredores críticos e detecção de transientes.
  6. Controle de pressão preditivo com pressão crítica móvel e mitigação de transientes.
  7. Smart metering/AMI em escala, integrado ao faturamento e à gestão antifraude.
  8. Métricas avançadas: ILI, perdas por ligação/dia, MNF normalizado, tempo de reparo e KPI de receita recuperada.
  9. Analytics de demanda para reduzir picos, melhorar intermitência e postergar CAPEX.
  10. Contratos de performance com remuneração atrelada à economia de água comprovada e redução sustentada.

Roteiro prático para 2026–2028 (do projeto ao sistema de gestão)

Eixo Medidas prioritárias
Medição confiável Aferição de macro e micro; política de substituição de hidrômetros por idade/consumo; smart meters em clientes estratégicos e grandes consumidores.
Diagnóstico Painel único de perdas (real + aparente); regras de negócio (MNF, pressões); KPIs por DMA/distrito; validação periódica de dados.
Intervenção rápida Pesquisa ativa contínua; metas de tempo de resposta; PRVs inteligentes; alarmes de pressão e vazão anômala; verificação pós-reparo.
Auditoria comercial Inspeções dirigidas por IA; auditoria cadastral; leitura com comprovação digital; combate a fraudes com protocolos e penalidades; programas de regularização.
Investimentos inteligentes Renovação de redes priorizada por risco/criticidade; projetos de DMA fast-track; automação escalável e integração SCADA-comercial-GIS.
Cultura e governança Metas corporativas de ILI, perdas por ligação/dia, tempo de reparo e receita recuperada; ritos semanais de decisão e ciclos trimestrais de revisão.

Conclusão

O Water Loss 2026 posiciona o Brasil no centro das discussões globais sobre perdas de água.

Para gestores, engenheiros e analistas, a conferência é a chance de transformar tecnologia em resultado:

DMAs consolidados, pressão sob controle, pesquisa ativa contínua, renovação inteligente e revenue assurance em ritmo industrial.

Reduzir perdas significa economizar água, fortalecer a saúde econômico-financeira e acelerar a universalização — com qualidade e regularidade para a população.

Call to Action: Planeje sua participação, estruture um roteiro de visitas técnicas e volte do Rio com um plano de 12–24 meses para reduzir perdas na sua companhia.