Organização: ABES e IWA (Water Loss Specialist Group)
As inscrições já estão abertas no site oficial do evento.
Serão quatro dias de apresentações selecionadas por comitê técnico, painéis de alto nível e troca de experiências entre especialistas do mundo inteiro.
Para quem atua em abastecimento de água, operação de redes, medição e faturamento, é a oportunidade de alinhar estratégia, tecnologia e execução
com o que há de mais avançado — e voltar com um plano prático para reduzir perdas na realidade brasileira.
Por que este tema é urgente no Brasil
O país ainda convive com níveis elevados de perdas na distribuição — em muitos sistemas, o balanço hídrico indica patamares entre
35% e 40%. Isso pressiona custos de produção, compromete a segurança hídrica, reduz a receita e atrasa a universalização.
A virada exige gestão baseada em dados, controle ativo e contínuo de vazamentos, pressurização inteligente e um
combate profissional à perda aparente com auditoria comercial e conformidade metrológica.
Desafios brasileiros no combate às perdas
1) Perdas reais (físicas)
- Redes antigas e heterogêneas, com materiais sensíveis a transientes e fadiga de juntas.
- Excesso de pressão noturna e ausência de lógica de pressão crítica.
- Baixa setorização hidráulica (DMAs) e macromedição não confiável, dificultando medir o Minimum Night Flow (MNF).
- Pesquisa de vazamentos reativa, sem monitoramento contínuo por loggers/telemetria.
- Reparos sem padronização e pouca rastreabilidade do tempo de resposta e da qualidade pós-reparo.
- Automação limitada em reservatórios, válvulas e manobras, gerando perdas por operação.
2) Perdas aparentes (comerciais/cadastrais)
- Hidrômetros envelhecidos e submedindo, sem política estruturada de substituição por idade/consumo.
- Cadastro comercial incompleto (endereços, CPFs/CNPJs) e inconsistências que dificultam faturamento/cobrança.
- Erros de leitura em rotinas ainda analógicas; ausência de comprovação fotográfica e analytics de exceções.
- Fraudes e ligações clandestinas (bypass, magnetos, intervenções em ramais) com baixa inspeção dirigida.
- Macromedição sem aferição metrológica periódica, contaminando o balanço hídrico.
- Falta de um programa robusto de Revenue Assurance integrando dados, auditoria e campo.
O que já funciona no Brasil: iniciativas de destaque
| Categoria | Boas práticas implementadas |
|---|---|
| Perdas reais |
|
| Perdas aparentes |
|
O que deve aparecer de novidade no Water Loss 2026
- IA para detecção precoce de vazamentos, combinando pressão, vazão, ruído e vibração para gerar ordens de serviço dirigidas.
- Gêmeos digitais conectando o modelo hidráulico ao tempo real, simulando set-points de PRVs, manobras e cenários de intervenção.
- Loggers acústicos de nova geração com NB-IoT e algoritmos embarcados de priorização.
- Sensoriamento remoto por satélite (incl. radar SAR/termal) para triagem de adutoras e áreas de difícil acesso.
- DAS – Distributed Acoustic Sensing via fibra óptica para corredores críticos e detecção de transientes.
- Controle de pressão preditivo com pressão crítica móvel e mitigação de transientes.
- Smart metering/AMI em escala, integrado ao faturamento e à gestão antifraude.
- Métricas avançadas: ILI, perdas por ligação/dia, MNF normalizado, tempo de reparo e KPI de receita recuperada.
- Analytics de demanda para reduzir picos, melhorar intermitência e postergar CAPEX.
- Contratos de performance com remuneração atrelada à economia de água comprovada e redução sustentada.
Roteiro prático para 2026–2028 (do projeto ao sistema de gestão)
| Eixo | Medidas prioritárias |
|---|---|
| Medição confiável | Aferição de macro e micro; política de substituição de hidrômetros por idade/consumo; smart meters em clientes estratégicos e grandes consumidores. |
| Diagnóstico | Painel único de perdas (real + aparente); regras de negócio (MNF, pressões); KPIs por DMA/distrito; validação periódica de dados. |
| Intervenção rápida | Pesquisa ativa contínua; metas de tempo de resposta; PRVs inteligentes; alarmes de pressão e vazão anômala; verificação pós-reparo. |
| Auditoria comercial | Inspeções dirigidas por IA; auditoria cadastral; leitura com comprovação digital; combate a fraudes com protocolos e penalidades; programas de regularização. |
| Investimentos inteligentes | Renovação de redes priorizada por risco/criticidade; projetos de DMA fast-track; automação escalável e integração SCADA-comercial-GIS. |
| Cultura e governança | Metas corporativas de ILI, perdas por ligação/dia, tempo de reparo e receita recuperada; ritos semanais de decisão e ciclos trimestrais de revisão. |
Conclusão
O Water Loss 2026 posiciona o Brasil no centro das discussões globais sobre perdas de água.
Para gestores, engenheiros e analistas, a conferência é a chance de transformar tecnologia em resultado:
DMAs consolidados, pressão sob controle, pesquisa ativa contínua, renovação inteligente e revenue assurance em ritmo industrial.
Reduzir perdas significa economizar água, fortalecer a saúde econômico-financeira e acelerar a universalização — com qualidade e regularidade para a população.



