Se você é um profissional do saneamento que atua na área de esgoto e deseja se destacar no mercado e decolar sua carreira, precisa dominar e monitorar com rigor os principais indicadores de confiabilidade da coleta de esgoto.
Não basta apenas expandir redes: o verdadeiro diferencial está em garantir que o sistema funcione com segurança, sem falhas, sem extravasamentos e com total controle da operação. É isso que separa um gestor comum de um gestor de alto desempenho.
Por isso, apresento aqui os 20 indicadores mais relevantes para avaliar a confiabilidade das redes coletoras de esgoto, consolidados a partir de referências do GRMD 2025 (PNQS), ANA, IWA, EPA, ERSAR e Ofwat. São métricas práticas, usadas no Brasil e no mundo, que todo profissional de saneamento precisa ter em seu radar.
1. Extravasamentos de Esgoto por km de Rede
Descrição: Mede quantas ocorrências de extravasamento acontecem na malha coletora.
Propósito: Avaliar confiabilidade percebida pela população.
Unidade: número/km de rede/ano. Referência: GRMD, IWA, SABESP.
Cálculo: número de extravasamentos ÷ extensão da rede (km).
2. Obstruções/Entupimentos por km de Rede
Descrição: Mede a quantidade de entupimentos em coletores.
Propósito: Indica falhas funcionais.
Unidade: número/km de rede/ano.
Referência: EPA, COPASA.
Cálculo: número de obstruções ÷ extensão da rede (km).
3. Colapsos Estruturais por km de Rede
Descrição: Registra rupturas ou desmoronamentos graves.
Propósito: Avaliar integridade estrutural da rede.
Unidade: número/km de rede/ano.
Referência: ERSAR (Portugal).
Cálculo: número de colapsos ÷ extensão da rede (km).
4. Taxa de Reabilitação de Rede
Descrição: Percentual da rede renovada no período.
Propósito: Medir modernização e manutenção da infraestrutura.
Unidade: %.
Referência: GRMD, IWA.
Cálculo: extensão reabilitada (km) ÷ extensão total (km) × 100.
5. Idade Média da Rede
Descrição: Média de anos da rede em operação.
Propósito: Avaliar envelhecimento da infraestrutura.
Unidade: anos.
Referência: EPA, Ofwat.
Cálculo: (soma da idade de cada trecho × extensão correspondente) ÷ extensão total da rede.
6. Inspeção de Poços de Visita
Descrição: Proporção de PVs inspecionados.
Propósito: Avaliar rotina de manutenção.
Unidade: %.
Referência: GRMD.
Cálculo: número de PVs inspecionados ÷ número total de PVs × 100.
7. Inspeção CCTV em Redes
Descrição: Percentual da rede inspecionada com câmeras.
Propósito: Detectar falhas ocultas.
Unidade: %.
Referência: IWA, EUA.
Cálculo: extensão inspecionada com CCTV ÷ extensão total da rede × 100.
8. Rede Georreferenciada
Descrição: Percentual da rede cadastrada em SIG.
Propósito: Avaliar maturidade da gestão de ativos.
Unidade: %.
Referência: GRMD, Ofwat.
Cálculo: extensão cadastrada ÷ extensão total da rede × 100.
9. Regularidade de Inspeções Programadas
Descrição: Mede o cumprimento do plano de inspeções.
Propósito: Garantir disciplina operacional.
Unidade: %.
Referência: ANA, IWA.
Cálculo: inspeções realizadas ÷ inspeções programadas × 100.
10. Tempo Médio de Atendimento de Ocorrências
Descrição: Tempo médio para atender chamados de extravasamento.
Propósito: Avaliar capacidade de resposta.
Unidade: horas.
Referência: EPA, Ofwat.
Cálculo: soma do tempo de atendimento (h) ÷ número de ocorrências.
11. Relação Preventiva x Corretiva
Descrição: Proporção de manutenções preventivas sobre corretivas.
Propósito: Indica maturidade da gestão.
Unidade: %.
Referência: IWA, GRMD.
Cálculo: número de manutenções preventivas ÷ número de manutenções corretivas × 100.
12. Reincidência de Ocorrências
Descrição: Quantidade de falhas repetidas no mesmo ponto.
Propósito: Avaliar qualidade das soluções aplicadas.
Unidade: %.
Referência: GRMD, UK.
Cálculo: ocorrências repetidas ÷ ocorrências totais × 100.
13. Volume de Resíduos Retirados da Rede
Descrição: Quantidade de resíduos removidos na limpeza.
Propósito: Avaliar acúmulo de sólidos.
Unidade: toneladas/km.
Referência: ANA, GRMD.
Cálculo: volume de resíduos retirados ÷ extensão total da rede (km).
14. Encaminhamento Adequado de Resíduos
Descrição: Percentual de resíduos destinados corretamente.
Propósito: Garantir conformidade ambiental.
Unidade: %.
Referência: GRMD, ERSAR.
Cálculo: volume destinado corretamente ÷ volume total retirado × 100.
15. Ocorrências de Odor
Descrição: Reclamações de odor relacionadas à rede.
Propósito: Medir confiabilidade ambiental e social.
Unidade: reclamações/1.000 ligações.
Referência: Ofwat.
Cálculo: número de reclamações de odor ÷ número de ligações × 1.000.
16. Conformidade Regulatória em Coleta
Descrição: Percentual de fiscalizações sem não conformidades.
Propósito: Avaliar aderência regulatória.
Unidade: %.
Referência: ANA, ERSAR.
Cálculo: fiscalizações conformes ÷ fiscalizações totais × 100.
17. Reclamações por Extravasamento
Descrição: Reclamações ligadas a falhas na coleta.
Propósito: Medir percepção do usuário.
Unidade: reclamações/1.000 ligações.
Referência: GRMD, ANA.
Cálculo: número de reclamações ÷ número total de ligações × 1.000.
18. Multas Ambientais Relacionadas à Coleta
Descrição: Multas recebidas por falhas na coleta.
Propósito: Avaliar impacto econômico das falhas.
Unidade: R$ ou número de multas/ano.
Referência: ANA, EPA.
Cálculo: total de multas ÷ ano.
19. Infiltração/Inflow (I/I Ratio)
Descrição: Percentual de água pluvial que entra indevidamente na rede.
Propósito: Avaliar sobrecarga indevida.
Unidade: %.
Referência: EPA, IWA.
Cálculo: volume de infiltração ÷ volume de esgoto gerado × 100.
20. Índice de Vida Útil Restante da Rede
Descrição: Estimativa do tempo de vida útil que resta à rede coletora.
Propósito: Planejamento de investimentos futuros.
Unidade: anos.
Referência: Ofwat, IWA.
Cálculo: vida útil projetada – idade média da rede.
Quem domina esses 20 indicadores de confiabilidade da coleta de esgoto tem em mãos uma visão completa do sistema: integridade física, eficiência da manutenção, controle operacional e aderência regulatória.
👉 Mais do que números, são ferramentas para reduzir falhas, antecipar riscos, proteger o meio ambiente e fortalecer a imagem da companhia de saneamento.
Se você é gestor de esgoto, não basta conhecer — precisa usar esses KPIs para transformar sua operação em um exemplo de excelência no setor.



