Quem são as companhias envolvidas
- Anglian Water – empresa privada, controlada por um consórcio de fundos de infraestrutura e pensão, responsável pela região leste da Inglaterra.
- South West Water (SWW) – subsidiária da Pennon Group PLC, holding listada na Bolsa de Londres, que atua em Devon e Cornwall, no sudoeste do país.
Quais foram os principais erros
O regulador apontou que as duas empresas não garantiram a operação e manutenção adequadas das estações de tratamento de esgoto e das redes de coleta, falhando em:
- Reduzir descargas por “storm overflows” (extravasamentos de esgoto em eventos de chuva).
- Modernizar e ampliar ativos críticos quando necessário.
- Monitorar de forma confiável a capacidade e desempenho das infraestruturas.
- Adotar governança robusta, incluindo controles internos, gestão de riscos e fornecimento de dados confiáveis à alta administração.
Essas falhas configuraram violações às normas ambientais e de gestão do setor, incluindo obrigações legais de coleta e tratamento contínuo.
Valores das penalidades
- Anglian Water: £62,8 milhões.
- South West Water: £24 milhões.
- Total: £86,8 milhões.
Esses recursos não ficam apenas no caixa do regulador: parte é direcionada a melhorias ambientais, investimentos em infraestrutura e fundos de recuperação para as comunidades.
O que as empresas farão para evitar novos problemas
Anglian Water
- Investimento adicional de £57 milhões em planos de gestão de fluxo excedente para pelo menos 8 bacias.
- Construção antecipada de 36 tanques de tempestade, 45 telas e 42 entregas complementares previstas no plano regulatório.
- Criação de um fundo comunitário de £5,8 milhões para projetos ambientais e sociais.
- Compromisso de publicar relatórios de progresso e manter transparência junto ao regulador.
South West Water
- Aplicação de £20 milhões em intervenções em pontos críticos de extravasamento.
- Criação de fundos específicos:
- £2 milhões para corrigir conexões indevidas de esgoto.
- £2 milhões para iniciativas de recuperação da natureza e biodiversidade.
- Antecipação de benefícios que estavam previstos apenas para 2030–35.
- Transparência reforçada com monitoramento direto do regulador.
Reflexões para o Brasil
- Regulação forte faz diferença – sem fiscalização ativa, falhas operacionais podem persistir por anos, gerando passivos ambientais e financeiros.
- Governança e dados são centrais – não basta ter obra; é preciso monitorar, gerar informação de qualidade e dar visibilidade à alta gestão.
- Antecipar investimentos evita colapsos – trazer entregas para o presente reduz riscos imediatos à saúde pública e ao meio ambiente.
👉 O caso britânico mostra que o saneamento é, acima de tudo, um setor de confiança. Quando prestadores falham, quem paga o preço é a sociedade e o meio ambiente. Ao mesmo tempo, a atuação regulatória firme pode corrigir rumos e assegurar serviços mais resilientes e transparentes.



