IA no esgotamento sanitário: de promessa à prática

Se você trabalha com esgoto, já percebeu: dados não faltam (SCADA, telemetria, pluviômetros, nível em poços de visita, CCTV, ordens de serviço, GIS, BIM…). O desafio é transformar tudo isso em decisão operacional — abrir/fechar comporta, priorizar equipe, reabilitar o trecho certo, reduzir energia de aeração, evitar extravasamento.

 É aqui que a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser moda e virou ferramenta de produtividade para quem opera, mantém e constrói sistemas de esgotamento.

Inspeção de redes com IA

 Ferramentas como SewerAI, VAPAR e WinCan automatizam a análise de vídeos CCTV, identificando defeitos com mais rapidez e padronização. Robôs e drones como RedZone SOLO e Flyability Elios reduzem riscos e aumentam produtividade.

Detecção proativa de bloqueios e transbordos

 Soluções como StormHarvester e Aquasuite monitoram redes, distinguindo anomalias de infiltração ou obstrução e alertando equipes antes do colapso.

Automação inteligente de ETEs e elevatórias

 Softwares como Xylem Vue powered by GoAigua, AVEVA Predictive Analytics e Seeq ajudam a prever falhas e reduzir consumo de energia em estações de tratamento.

Gêmeos digitais para decisão em tempo real

 Plataformas como InfoWorks ICM/Info360 e Bentley OpenFlows Sewer/iTwin permitem simulações de cenários, mitigação de CSO/SSO e priorização de investimentos.

Gestão de ativos com visão de risco

 Com IBM Maximo e AVEVA PI/Asset Performance Management, companhias migram de manutenção corretiva para preditiva, reduzindo emergências e custos de ciclo de vida.

Projetos de rede e ETEs com IA

 Ferramentas como Transcend Design Generator e Bentley SewerGEMS aceleram anteprojetos, permitindo analisar múltiplas alternativas em menos tempo e com menos custo.

Construção de obras com IA

 Softwares como ALICE Technologies, nPlan, OpenSpace e Buildots otimizam cronogramas, monitoram avanço físico e reduzem retrabalho em obras de coletores, interceptores e ETEs.

📌 Casos Reais de IA no Esgotamento Sanitário

  • United Utilities (Reino Unido) → Validou o uso da IA da VAPAR para inspeções CCTV.
  • City of Phoenix (EUA) → Classificação automática com SewerAI, com menor custo por metro analisado.
  • Wessex Water (Reino Unido) → IA detectou bloqueios em tempo real com 92% de acurácia.
  • South Bend (EUA) → Smart Sewer reduziu CSO em até 80%, economizando US$ 500 milhões em CAPEX.
  • Buffalo Sewer (EUA) → Sistema RTC armazenou 3,5 bi de galões por menos de US$ 0,01/galão, poupando US$ 145 milhões.
  • BRK Ambiental (Brasil) → Com o Transcend, reduziu em 80% o custo de concepção de ETEs e acelerou anteprojetos de 2 meses para 1 semana.

O futuro da IA no esgotamento sanitário

  • Curto prazo (0–12 meses): consolidação da IA em CCTV, dashboards de ativos e alertas de bloqueio.
  • Médio prazo (1–3 anos): gêmeos digitais operacionais e controle preditivo em ETEs.
  • Longo prazo (3–7 anos): orquestração autônoma de redes, integração água-esgoto-drenagem e epidemiologia de esgoto em tempo real.

Conclusão

A IA não substitui o profissional de saneamento — amplifica sua capacidade. Quem aprender a usar bem os dados e escolher as ferramentas certas terá vantagem competitiva e entregará mais valor, com menos custos e riscos.