Saneamento global: 2,1 bilhões sem água potável

Em todo o mundo, profissionais de saneamento lidam diariamente com um dado alarmante: cerca de 2,1 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de água potável de qualidade. Esse número reforça a urgência de acelerar investimentos, padronizar processos e, sobretudo, integrar decisões técnicas e operacionais de saneamento para garantir água segura, contínua e acessível. Além disso, ao considerar desafios de infraestrutura, operação e monitoramento, o saneamento torna-se eixo central para saúde pública, produtividade econômica e redução de desigualdades.

O que esse dado revela para o saneamento

No contexto de saneamento, “acesso à água potável” envolve tratamento adequado, distribuição confiável, controle rigoroso de qualidade e manutenção periódica. Assim, mesmo com avanços, a lacuna permanece. Para gestores e operadores, isso significa que não basta ampliar rede: é indispensável assegurar que a água seja segura, que o abastecimento seja confiável e que a operação seja eficiente. Portanto, o saneamento precisa alinhar infraestrutura, processos, equipes e indicadores, de modo a sustentar níveis de serviço estáveis ao longo do tempo.

Implicações técnicas centrais para o saneamento

  • Qualidade da água: sem controle sistemático de parâmetros microbiológicos e químicos prioritários, o saneamento fica comprometido e os riscos sanitários aumentam.
  • Infraestrutura de abastecimento: o saneamento deve assegurar captação, tratamento, reservação e distribuição, entregando água no ponto de consumo com pressão e continuidade adequadas.
  • Desigualdades territoriais: áreas rurais, periferias urbanas e contextos frágeis tendem a ter cobertura inferior de saneamento, exigindo estratégias específicas.
  • Manutenção e operação: redes existem, porém falham quando faltam planos de manutenção, gestão de ativos e rotinas operacionais padronizadas em saneamento.
  • Monitoramento e dados: indicadores de desempenho, metas e auditorias laboratoriais são essenciais ao saneamento para planejar, priorizar e corrigir rotas com rapidez.

Saneamento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6) estabelece a gestão sustentável da água e do saneamento para todos. Desse modo, o foco não se limita à distribuição de água: abrange também esgotamento sanitário, reuso, drenagem urbana e proteção de mananciais. Logo, o saneamento precisa atuar em toda a cadeia, com integração institucional, planejamento de longo prazo e métricas padronizadas que permitam comparar resultados entre localidades e ao longo do tempo.

Cenário técnico atual para o saneamento

  • Milhões de domicílios ainda não têm serviços de água potável geridos de forma segura, o que evidencia fragilidades do saneamento em países de baixa e média renda.
  • Bilhões de pessoas carecem de serviços de esgotamento sanitário adequados, o que pressiona sistemas de saneamento e aumenta a carga de doenças de veiculação hídrica.
  • A desigualdade no acesso ao saneamento exige políticas públicas e regulação que priorizem as populações mais vulneráveis, com investimentos direcionados.

Prioridades práticas para profissionais de saneamento

Para quem está na linha de frente do saneamento, algumas prioridades são claras e altamente exequíveis:

  1. Investir em infraestrutura crítica: ampliar captação, modernizar estações de tratamento, reduzir perdas e fortalecer reservação e setorização de redes de saneamento.
  2. Padronizar operação: implementar POPs, planos de amostragem, calibração de instrumentos e rotinas de manutenção no saneamento, com registro e rastreabilidade.
  3. Profissionalizar gestão de ativos: usar inventário detalhado, criticidade, ciclos de vida e análises de risco para priorizar investimentos em saneamento.
  4. Controlar qualidade da água: fortalecer o laboratório, ampliar pontos de amostragem, validar métodos e comunicar resultados, integrando o SISAGUA/local equivalente ao saneamento.
  5. Integrar políticas públicas: conectar saneamento, habitação, meio ambiente e saúde para maximizar impacto e reduzir custos sociais.
  6. Aprimorar dados e transparência: criar painéis com metas, SLA e indicadores do saneamento (perdas, intermitência, reclamações, conformidade, custo por m³).

Caminhos técnicos para acelerar o saneamento

  • Tecnologias adequadas: adotar soluções de baixo custo e modularidade onde redes convencionais são inviáveis, fortalecendo resiliência do saneamento.
  • Eficiência operacional: reduzir perdas reais e aparentes, otimizar pressão, energia e estoque, melhorando a sustentabilidade financeira do saneamento.
  • Capacitação contínua: treinar equipes de campo e laboratório, padronizando competências críticas do saneamento.
  • Engajamento do usuário: campanhas de uso racional, ligações regulares e combate a fraudes reduzem riscos e custos do saneamento.
  • Resiliência climática: proteger mananciais, diversificar fontes e planejar contingências para eventos extremos que pressionam o saneamento.

Conclusão

Apesar dos avanços, o desafio permanece imenso: levar água potável segura, esgotamento eficiente e serviços confiáveis a bilhões de pessoas. Com foco técnico, gestão eficiente, investimentos consistentes e integração institucional, o saneamento pode acelerar resultados, reduzir desigualdades e consolidar o direito humano à água e ao saneamento. Portanto, priorizar infraestrutura, operação padronizada, dados de qualidade e engajamento social é o caminho mais direto para transformar realidades e alcançar o ODS 6 de maneira efetiva e sustentável.

Fontes